domingo, 16 de fevereiro de 2020

Viúva de Tommy Morrison vence em decisão histórica e caso do pugilista será reaberto



A viúva de Tommy Morrison, Trisha, venceu em uma decisão histórica nos tribunais de Las Vegas e o caso do pugilista contra a Comissão Atlética de Nevada será reaberto.

Ao longo de sua carreira profissional no boxe, o lutador acumulou um ‘recorde’ de 48-3-1, 42 ko’s. Em 1993 ele conquistou o título dos peso pesados da WBO ao vencer o lendário George Foreman, após 12 rounds. Quem viu, ainda se recorda daquele e de outros acirrados confrontos com nomes do porte de Ray Mercer, Razon Ruddock e Lennox Lewis, entre outros.

Em 1996, Morrison teve a sua licença para lutar boxe negada depois que ele testou positivo para o vírus HIV, um diagnóstico que ele sempre negou.

Seu principal argumento de defesa era que estava sendo vítima de uma conspiração para acabar com “a última grande esperança branca” dos pesos pesados no boxe, uma vez que seu biótipo era uma espécie de novidade para a categoria, já que poucos ‘loiros, altos e bem aparentados’ tinham sucesso no pugilismo.

Ele lutaria apenas mais uma vez como profissional, no dia 3 de novembro de 1996, com Marcus Rhode, no Tokyo Bay NK Hall, em Tóquio, no Japão. A renda da luta foi revertida para um projeto em benefício das vítimas da AIDS. Com regras modificadas, nenhum dos dois poderia sangrar no ringue, ou a luta seria interrompida, independente da causa. Não foi necessário. Morrison venceu Rhode por nocaute ainda no primeiro round.

Na sequência dos acontecimentos da sua vida, o lutador perdeu uma boa parte dos US$ 16 milhões que ganhou nos ringues. Também perdeu a mulher, o contato com os filhos e a mansão onde morava.

“The Duke” foi posteriormente forçado a sair do esporte até o seu ( breve ) retorno em 2007, quando testou negativo para o HIV por quatro vezes, no mês de janeiro. Em julho daquele mesmo ano, após fazer três novos testes, o ‘New York Times’ informou que Morrison fez mais um teste de HIV especificamente para o ‘Times’, quando especialistas em HIV concluíram que o resultado de 1996 havia sido um falso positivo, apesar dos médicos de ringue, incluindo o médico chefe da Comissão Atlética do Estado de Nevada, expressarem dúvidas.

-“Fizemos todos os testes que há no mercado, e até os que não há no mercado. Isso me diz que ( o vírus ) nunca esteve lá. Acho que foi apenas um diagnóstico equivocado. As pessoas cometem erros.”-comentou o lutador, à época.

Ainda em 2007, ele lutou e venceu John Castle, em West Virginia, com um gancho de esquerda - um de seus principais golpes - obtido no segundo round.

Em fevereiro de 2008 Tommy derrotou Matt Weishaar, no México, aonde exames de HIV não foram exigidos.

Em 2011, ele chegou à ter um evento agendado para o Canadá, na província de Quebéc, mas a sua luta acabou não acontecendo.

Tommy faleceu tristemente em 1° de setembro de 2013, no Nebraska Medical Center em Omaha, Nebraska, aos 44 anos de idade. Segundo o Departamento de Saúde e Serviços Humanitários de Nebraska, a causa de morte de Morrison foi parada cardíaca, resultante da falência de vários órgãos causada por uma infecção ( ‘Pseudomonas aeruginosa’ ).

Já naquela ocasião, Trisha Morrison passou à afirmar o mesmo que Tommy quanto à ( suposta ) doença que vitimou o seu marido : “Não existe, e é uma conspiração”. Ela também dizia que não seria possível seu marido ser soropositivo e ela nunca ter pego a doença.

É necessário citar que em 2016, o laboratório e a Comissão Atlética de Nevada admitiram que não haviam diagnosticado Morrison com HIV em 1996.

Uma curiosidade à parte nessa história, é que os filhos de Tommy, James McKenzie Morrison ( 17-0-2, 15 ko’s ), de 29 anos e Trey Lippe ( 16-0, 16 ko’s ), de 30, seguem os passos de seu pai, honrado o seu sobrenome nos ringues. Os pesos pesados são filhos de mães distintas, se conhecem desde pequenos e tem apenas 10 meses de diferença. Atualmente eles treinam juntos. Ambos tem consciência do que tem que evitar para ter cada vez mais sucesso no boxe.

Dando prosseguimento ao assunto principal do nosso artigo, o caso de Tommy agora será reaberto, graças aos esforços de Trisha.

O seu incansável trabalho tem como principal objetivo limpar o nome do seu marido da acusação de ter sido um portador do HIV, pois segundo às evidências apresentadas por ela, Morrison morreu sem nenhum traço do HIV em seu sistema.

Assim sendo, o caso será considerado agora.

Várias figuras envolvidas na negação da licença de Morrison terão que responder às evidências de Trisha.

-“Nossos documentos judiciais foram recebidos e aceitos pelo Tribunal em Las Vegas, Nevada. Também hoje, o juiz de Las Vegas aceitou e apresentou minha moção de reconsideração de sua negação para reabrir o caso de Tommy. Os réus têm até 25 de fevereiro para responder.”- explicou Trisha Morrison.

Um assunto em separado, com acusações de ocultar evidências - também está sendo ouvido, segundo Trisha.

Todos os documentos foram fornecidos por Trisha na íntegra e alguns destes podem ser vistos no site do ‘WBN’ e também podem ser acessados na página de Trisha e Tommy no Facebook.

No ano de sua morte, Morrison falou com o pessoal do site ‘World Boxing News’ em várias ocasiões. Um dos astros de Rocky V - ao lado de Sylvester Stallone - Tommy estava convencido de que um dia seu nome poderia ser apagado.

Toda essa história chegou ao conhecimento do grande público graças ao trabalho de Phil Jay, editor do ‘World Boxing News’ e um membro auxiliar da ‘Associação de Escritores de Boxe da América’.

*Texto do colaborador Oriosvaldo Costa. | Escrito em 16/02/2020
_
Foto acima : Tommy Morrison conquistou o título dos peso pesados da WBO ao vencer o lendário George Foreman após 12 rounds. ( Créditos | Cortesia : Arquivo pessoal Trisha Morrison | Top Rank  |  Divulgação ).

Abaixo : Justiça para Tommy Morrison. O caso do pugilista será reaberto agora. ( Créditos | Cortesia : Arquivo pessoal Trisha Morrison  |  Divulgação ).


Nenhum comentário:

Postar um comentário