terça-feira, 27 de novembro de 2018

Instrutores com experiência de combate vs instrutores sem experiência em combate



O tema “instrutores com experiência de combate vs instrutores sem experiência em combate” é bastante interessante, uma vez que a cada dia se proliferam em várias cidades pessoas que se dizem ‘instrutores de combate’, ‘instrutores operacionais’, ‘instrutores de facas’, ‘instrutores de cursos’ e formações de ‘fim de semana’ e por aí vai.

Podemos ver diariamente Instrutores demostrando vídeos, fazendo afirmações e divulgando técnicas de diversas artes marciais, mas será que realmente tais instrutores possuem experiência real de combate? Será que eles já enfrentaram “adversários vivos” que se mexem e podem responder? Será que já levaram golpes de verdade ou até mesmo fizeram ‘sparring’ como “laboratório” para saber o que funciona ou não de suas artes? A resposta é que a maioria não sabem, nem vivenciaram isso, alguns até dizem que sim,sem ser verdade.

Sabemos que existe uma diferença muito grande de esporte para realidade, nem todos os instrutores possuem experiência de luta ou de enfrentamento, se escondem por trás de uma ‘camada de proteção’ de que “não precisam” ou “o que ensinam é muito letal para poder mostrar”. É preciso tomar cuidado com tais Instrutores.

Existe uma diferença muito grande de instrutores de defesa pessoal que possuem experiências reais de luta, já enfrentaram alguém ou já lutaram realmente, esses estão mais familiarizados como o sentimento real do que é ser golpeado de verdade, e o que pode ou não funcionar de seus sistemas, na minha opinião, tudo que é mostrado é apenas uma imagem do que ‘pode ser’ ou ‘pode acontecer’, você pode mostrar técnicas diversas, letais e até chamar atenção em vídeos, mas talvez você nunca saberá se o ‘que ensina funciona’ se não passar a usar o “laboratório”. Durante anos eu falei isso para diversas pessoas e praticantes de métodos de combate no Brasil, e eu mesmo sempre estive dentro do “laboratório marcial”.
Foi assim que eu fui descobrindo como usar as minhas ferramentas e o ‘que pode ou não funcionar’, o cérebro precisa estar conectado à isso, para quando você precisar realmente, você possua o que chamamos de ‘atributos’, mas muitos instrutores não sabem nem o que seja isso.

Instrutores com experiência de combate com certeza possuem diferenças cruciais dos companheiros que não possuem, então atentem à isso, são duas coisas bem diferentes o que vou falar agora, gravem isso, “ter as ferramentas e saber usar as ferramentas”, a quantidade de pessoas e instrutores que não sabem usar as “ferramentas” são muitos, e ainda mais com a proliferação de “formações imediatistas” onde a maioria hoje em dia adentram. Sabemos que existem métodos simples de aprender, mais se leva tempo, estudo e experimentação para realmente saber usar e possuir habilidades em determinado sistema ou arte.

Existe uma diferença muito importante a se fazer, existe uma diferença entre um ‘lutador esportivo’ e um ‘instrutor de defesa pessoal’. Claro,  existem  muitas diferenças a serem analisadas antes de uma confrontação esportiva, a maioria dizem assim : “não luto porque na rua não há regras”, outros dizem que “minhas técnicas são letais demais e posso matar alguém no ringue”. Sim. Isso nós sabemos, mas se você não possui ou possuiu experiência de luta e de combate nem que seja ‘sparring’ ou algo semelhante, como você acha que vai também reagir a algo sem regras? Mesmo sendo instintivo você não possui tempo de reação, nem ‘timing’, nem controle de distância, pois a vida inteira seu trenamento foi parado e baseado em teorias ou oponentes “parados e mortos”.

Por outro ângulo, também sabemos que ser um lutador não quer dizer que você vá sobreviver a ataques reais que possuem outros elementos que não possuem ou não estejam presentes no seu treino diário ou ringue, portanto deve haver um equilíbrio.
Agora, se esse determinado instrutor de defesa pessoal ou métodos de combate ou qualquer que seja o seu sistema, além de ensinar possua experiência do que foi dito ( luta e combate ), esse é um instrutor que conhece “os dois lados” e pode fazer sua técnica ou arte funcionar.

É fácil de você perceber em vídeos por aí, praticantes que sinceramente não sabem socar, não sabem chutar nem saber derrubar alguém, mais estão lá sendo instrutores de alguma coisa, esses tais ‘instrutores de defesa pessoal’ podem se dar mal  a qualquer momento, quando forem confrontados com a realidade, muitos sabem disso e por isso evitam certas situações.

Conheço muitos praticantes que não sabem nada do básico, mas querem ser avançados, querem os títulos de “monitor” ou “instrutor” para poderem se promover. É lamentável, porque esses podem se dar mal a qualquer dia.

Durante anos eu pude interagir com diversos tipos de pessoas, praticantes, artes e adversários diferentes, depois disso pude perceber o quanto o que estou falando é real e verdade e instrutores de experiência real sabem disso.

Espero que este pequeno artigo que escrevi possa alertar as pessoas que procuram aprender métodos de qualquer ‘instrutor de defesa pessoal’ por aí e também que possa ajudar alguns a abrirem os olhos para si mesmo e para o que fazem e como treinam seus métodos.

*Texto escrito pelo Sifu Edmarcio Rodrigues | Postado por Oriosvaldo Costa em 27/11/2018

[ * ] O Sifu Sifu Edmarcio Rodrigues é Full Instructor em Contemporary Jeet Kune Do e Kali. Mataas Na Guru em Artes Filipinas Kali. Instrutor Military Edged Weapons. Instrutor Rápid Assault Tatics ( policiais, militares e seguranças). Faixa preta 1° Dan de Luta livre e Submission.
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Foto : O tema é bastante interessante e tem gerado debates acalorados entre os “adeptos” e os ‘instrutores’ de defesa pessoal ao longo dos anos ( Cortesia : Divulgação ).

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