A Agência Internacional de Notícias, Agence France-Presse (AFP), com
sede em Paris, informou recentemente que o Pear Video, um site de ´streaming´ chinês,
lançou um documentário informando sobre um clube de MMA que adotou centenas de
meninos órfãos e os está criando e treinando como lutadores.
A noticia reacendeu a polêmica sobre os confrontos de MMA envolvendo
crianças e está proporcionando debates ferozes na China sobre a questão.
Um escritório de nível local do Ministério dos Assuntos Civis trouxe a
maioria das crianças ao En Bo Fight Club, reivindicando os fundadores do
ginásio. O En Bo Fight Club está localizado na cidade sudoeste de Chengdu.
Em 2015, haviam 500 mil órfãos na China, com apenas cerca de 5% adotados
e apenas 20% sendo criados pelo estado, então essa deveria ser uma oportunidade
excelente. Mas enquanto o aprendizado das artes marciais é uma ferramenta
maravilhosa para que as crianças desenvolvam confiança e disciplina, lutar em
um ´ cage ´ nos faz ponderar sobre essa situação.
As regras sob as quais as crianças competem, aparentemente, proíbem o
uso dos cotovelos, mas, de outra forma, permitem socos e pontapés, em pé e no
chão.
Segundo o documentário, a maioria das crianças do En Bo Fight Club
vinham de vários grupos minoritários da China, incluindo os tibetanos. Em um editorial,
o jornal Pequim News acusou o clube de explorar os órfãos.
"Eles sabiam do direito à educação com base na lei enquanto as
crianças foram submetidas a treinamento rigoroso para competirem em lutas
intensas?", Perguntou o jornal.
Por sua vez o Weibo, que é o equivalente da China ao Twitter, também
proporcionou um debate feroz sobre o tema. Muitos acusaram que as lutas
infantis são ilegais, enquanto outros sentiram que, sem o clube, os meninos
acabariam nas ruas, com a possibilidade de recorrerem ao crime.
No documentário, Xiaolong, de 14 anos, disse que está feliz, pois agora
ele está simplesmente alimentando-se corretamente.
"Há tudo aqui - comida, roupas e um lugar para viver", disse
ele. "A comida aqui é muito melhor (do que em casa). Há carne e ovos,
enquanto eu só podia comer batatas quando morava em casa ".
A polêmica em torno do MMA infantil já rendeu outros debates acalorados
anteriormente pelo mundo. Em uma destas ocasiões, o presidente da Chechênia,
Ramzan Kadyrov, enfrentou resistência ao promover lutas infantis de MMA em uma
edição do seu evento, “ World Fight Championship of Akhmat ” ( WFCA ), no
qual seu filho de apenas 11 anos de idade era um dos competidores.
Recentemente o estado norte-americano da Califórnia aprovou as competições
de MMA infantil, desde que sob regras adaptadas. Em pé, socos e chutes só são
permitidos do pescoço para baixo, e no chão só é permito a luta agarrada, sem
socos e nenhum outro tipo de golpes traumáticos.
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Foto acima : Em um editorial, o jornal Pequim News acusou o En Bo
Fight Club de explorar os órfãos em lutas de MMA infantil.
Abaixo : À título de curiosidade. Pessoas com menos de 15 anos são
proibidas de lutar Muay Thai em Bangkok, (Lei de proteção à criança – 2003),
embora o esporte faça parte da cultura da Tailândia. Contudo, é possível ver
crianças de até 4 anos já lutando ao norte daquele país.
*Texto do colaborador Oriosvaldo Costa
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