Nos últimos dias muito se falou em ‘violência’ e boxe, devido à morte do lutador no ‘evento-teste’, realizado na academia FQA Combat, em Teresina, capital do estado do Piauí.
Os inimigos do esporte estão se aproveitando da fatalidade para denigrir o pugilismo e até mesmo as federações que regulamentam a ‘nobre arte’ questionam a legalidade da luta realizada no último sábado ( 24 de abril ) durante a competição chamada “Desafio Combate - o Retorno”.
Houve até mesmo quem resolveu se pronunciar, questionando - e com razão - a qualidade do atendimento médico recebido pelo lutador Jonas de Andrade Carvalho, o “Guerreiro da Luz”.
Não posso esquecer - também - daqueles que insinuaram que a tragédia foi reflexo da “má organização” ( ? ), o que não posso julgar, pois não me fiz presente à noitada de lutas.
Eu não vou aqui tecer comentários acerca da arbitragem das lutas daquele ‘card’, pois não tenho formação como “árbitro” de boxe, mas ainda posso manifestar a minha opinião sobre os demais aspectos que envolvem o esporte.
Ora, sabemos que o boxe é um esporte extremo, um esporte de contato, um esporte intenso, e - assim como acontece no MMA - ninguém é obrigado à lutar. Aqueles que sobem no ringue o fazem cientes dos riscos aos quais serão expostos.
Longe de mim querer defender ou atacar alguém, mas acredito firmemente que quando “chegar a hora” do lutador partir para um outro ‘plano de existência’, não será a chancela de uma determinada entidade reguladora do desporto, nem o suporte de saúde fornecido pelos organizadores - ainda que indispensáveis - ou sequer a grandiosidade de uma promoção que irão mudar esse quadro.
Como exemplo, noticiarei a fatalidade ocorrida na mais recente competição realizada pela International Boxing Association ( AIBA ), o Campeonato Mundial de Boxe Juvenil, cujas disputas foram finalizadas na semana passada, em Kielce, na Polônia.
Rashed Al-Swaisat, um jovem boxeador jordaniano de apenas 19 anos e que competia na categoria até 81kg naquele torneio, acabou morrendo uma semana após sofrer uma lesão cerebral.
Al-Swaisat sofreu a lesão no terceiro round da luta contra o estoniano Anton Winogradow, no dia 16 de abril.
Vale destacar que o atleta teve todo o atendimento médico necessário durante a competição - que também disponibilizava todo o aparato para a saúde dos lutadores de um país de primeiro mundo - e quando foi levado a um hospital local, passando por uma cirurgia de emergência.
O Comitê Olímpico da Jordânia confirmou que a morte ocorreu na noite de segunda-feira e também lamentou a perda do atleta. A imprensa polonesa publicou que a polícia local investiga o caso para elucidar as circunstâncias da morte, mas que não há evidências até o momento de qualquer conduta criminosa. Todos os boxeadores da competição usavam um capacete que serviria para “proteger” a cabeça dos golpes mais contundentes, como bem pensam os leigos.
Para finalizar eu gostaria de reiterar que todos os lutadores, independentes das suas modalidades combativas, devem ter essa consciência ao escolher a sua profissão. As artes marciais e lutas de contato em geral são esportes onde você poderá ter lesões seríssimas e não se deve ver apenas o ‘glamour’ das grandes promoções.
Agora, eu faço a seguinte pergunta ... Se não houvesse ocorrido uma fatalidade dessas na competição citada no início desse artigo, será que a mesma teria tido a mesma repercussão na grande mídia e se tornaria um dos assuntos prediletos dos ditos “especialistas do teclado”?
*Texto do colaborador Oriosvaldo Costa. | Escrito em 28/04/2021
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Legenda : O jovem lutador da Jordânia, Rashed Al-Swaisat, passou por cirurgia de emergência no dia 16 de abril, mas não resistiu.
Foto : ( Créditos | Cortesia : ( C ) AIBA _Boxing | ( C ) Comitê Olímpico da Jordânia | Divulgação ).
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