Recentemente alguns lutadores e funcionários do ONE Championship manifestaram as suas preocupações sobre a promoção asiática, que se apresenta como o lar da ‘disciplina’ e da ‘honra’.
Sob a condição de sigilo - por medo de retaliação por parte da organização, devido as dificuldades de seus dirigentes em aceitar críticas - tais fontes fizeram sérias alegações reportadas pelo jornalista Victor Rodriguez, no conceituado site especializado em MMA Bloody Elbow.
Na citada matéria, é revelado que o ONE Championship tem trazido lutadores de uma equipe chamada Egypt Top Team - de Nasr City, no Cairo - para que possam ser adversários de atletas que o evento quer promover ( prática para “engordar” o cartel de lutadores ). Os atletas desta academia fizeram 23 lutas no ONE, com 22 derrotas e apenas 1 vitória. Há inclusive relatos de um lutador que nunca competiu no MMA em sua vida, não teve treinamento nenhum e foi colocado em uma luta de destaque no ONE, recebendo uma bolsa de $ 750 dólares, com apenas um ‘cornerman’ permitido.
O técnico do lutador simplesmente informou que se as coisas ficassem difíceis, ele poderia simplesmente “bater”. É bom citar que o atleta tinha uma carreira promissora no kickboxing em seu país natal, mas infelizmente nenhum conhecimento claro do que era artes marciais mistas.
Apesar da falta de experiência do lutador, o ONE Championship assinou um contrato longo com o mesmo, mas no momento em que a matéria foi escrita, o lutador em questão ainda não tinha certeza se o contrato de exclusividade que ele havia assinado ainda seria válido ou não.
O único lutador do Egypt Top Team à ganhar uma vitória no ‘cage’ do ONE foi Hisham Hiba ( 1-1 no ONE ), em 2014. O outro lutador notável dessa equipe é Sherif Mohamed, que fez 0-4 - as maiores perdas do time.
Ainda segundo o Bloody Elbow, outras duas fontes anônimas - um lutador e seu “gestor” - alegaram uma forte tendência de favorecimento para os lutadores nos países onde o ONE está mais interessado em expandir os seus negócios. Assim sendo, atletas de países como Egito e Índia foram trazidos com muito pouca experiência e / ou preparação, apenas para serem dados à estes lutadores, significativamente mais talentosos. À medida que esses lutadores perdem, eles recebem mais que seus companheiros de equipe, alegam as mesmas fontes. Por outro lado, há atletas que costumam ter muita dificuldade para negociar salários, independentemente de sua progressão, popularidade ou posição no ‘card’.
-“Eles queriam que os atletas encerassem as suas carreiras no ONE e não pudessem assinar com qualquer outra promoção.”- disse o lutador anônimo.
A prática da “construção do cartel de lutadores” não é estranha à outras grandes organizações de MMA e, no caso particular do ONE, os atletas são levados à acreditar que isso ajudaria à chamar a atenção em seus países de origem, além de alavancar o esporte naquelas regiões.
Em contrapartida, lutadores supostamente mais favorecidos pelo ONE recebem enormes valores mensais variados, além das bolsas por suas lutas, de acordo com outra fonte.
Fundador e CEO do ONE Championship Chatri Sityodtong saiu em defesa dos seus negócios :
-“Celebramos valores de integridade, humildade, honra, respeito, coragem, disciplina e compaixão. Mostramos heróis que inspiram e unem países e contam suas histórias de triunfos impossíveis sobre probabilidades improváveis.”-defende-se Chatri, refutando as alegações de que mantêm um bom ‘marketing’ fraudulento.
A relação do ONE com o Evolve - fundados e atualmente presididos por Chatri - é notória, uma vez que o ONE tem campeões conectados à Evolve, academia que é uma das mais impressionantes da Ásia e que - segundo alguns - seria o único negócio lucrativo de Chatri em Singapura.
Já segundo outros, é difícil ouvir falar sobre ( ONE e Evolve ) na mídia local, porque eles têm controle sobre a maior parte da mídia asiática.
Apesar das alegações de favorecimento de lutadores e de alguns atletas selecionados ‘em folha de pagamento’, não há dúvida de que a Evolve tem alguns atletas incríveis que foram campeões dentro ou fora do ONE e, em alguns casos, ambos.
Encerramos este artigo afirmando que o nosso compromisso é com a informação e que, prática comum ou não, os atletas concordam em lutar porque querem. O ONE Championship não obriga ninguém à nada. Essa é a nossa opinião final sobre o assunto.
*Texto do colaborador Oriosvaldo Costa. | Escrito em 12/01/2021
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Foto : Angela Lee, campeã do ONE e seu irmão Christian Lee, ambos atletas da Evolve. ( Créditos | Cortesia : ( C ) Stev Bonhage | ( C ) ONE Championship | ( C ) Getty Images | Divulgação ).
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