"Os partidários do BKB se apoiam no fato de que as lutas sem luvas são mais seguras do que as lutas com luvas, (sejam de Boxe ou MMA) e que estas causariam menos danos ao cérebro, o que já foi comprovado cientificamente"
O Bare Kuncle Boxing (BKB), ou para nós Boxe com os "Punhos Nus" ressurgiu na Inglaterra e promete chegar à outros países.
O último campeão de boxe com as mãos nuas foi John Sullivan, e sua última luta foi contra Jake Kilrain, em 1889. Antes disso, em 1885, uma grande reforma já havia sido feita nas lutas do boxe com a adoção das regras do Marquês de Queensberry, e a partir daquela ano, as lutas sem luvas foram gradativamente abandonadas.
O último campeão de boxe com as mãos nuas foi John Sullivan, e sua última luta foi contra Jake Kilrain, em 1889. Antes disso, em 1885, uma grande reforma já havia sido feita nas lutas do boxe com a adoção das regras do Marquês de Queensberry, e a partir daquela ano, as lutas sem luvas foram gradativamente abandonadas.
Agora, no início do Século 21, o seleto grupo de competidores deste desporto incluem advogados, construtores, corretores imobiliários, mecânicos.
Não se trata do Clube da Luta retratado no filme estrelado por Brad Pitt, e sim, de uma cena próspera e crescente que existe, de fato, no Reino Unido.
A modalidade não é ilegal no país, pois nunca foi proibida, embora não seja regulamentanda nos dias atuais, já que não é sancionado por nenhum órgão de sanção esportivo.
Atualmente o esporte é a última moda atraindo até mesmo as celebridades - Keanu Reeves e Ray Winstone são grandes fãs de tais lutas -, bem como profissionais liberais e até mesmo as mulheres, que constituem cerca de um quinto da multidão que prestigia tais espetáculos. "Eles são caras cheios de testosterona, portadores da síndrome do macho-alfa, os quais se acham o próprio King Kong", diverte-se um fã.
Um dos principais responsáveis por este retorno da modalidade à Inglaterra - país de origem do Boxe - é Andy Topliffe, um promotor de 37 anos, dono da B-Bad Promotions, que luta para legitimar o esporte e mantê-lo longe do dinheiro sujo de outras companhias empreendedoras, as quais compostas por gângsteres, ciganos e viajantes que pagam apenas £ 250 em média para cada lutador. Estes organizadores dizem que a maior parte dos lucros é doada para as pesquisas sobre o Câncer. Contudo, algumas poucas destas lutas podem render por vezes bolsas de milhares de Euros para os participantes.
Algumas das competições do Bare Kuncle Boxing chegam a ser transmitidas pelo sistema de pay-per-view e partidas semelhantes já são promovidas na Irlanda. A conquista do mercado norte-americano, no entanto, será bastante difícil, já que o estado do Colorado é o único nos EUA que aceita a realização de lutas com mãos nuas em seu território.
De uma forma ou de outra, a cultura do Boxe sem luvas é comum a povos de distintos continentes. É só ver o caso do Musangwe, o brutal torneio da África do Sul.
O Bare Kuncle Boxing já tem seus próprios ídolos. Um destes é James Quinn McDonagh, um dos maiores destaques deste circuito implacável e detentor do título mítico de “O Rei dos Travellers”.
Outro, Bob Gunn, já tem um Recorde de 70-0 (Invicto com 70 vitórias e todas por nocaute, diga-se de passagem) já chegou mesmo a ser cotado para participar de algumas das próximas edições do UFC.
Se por um lado os promotores do maior evento de MMA do mundo estão de olho em alguns atletas do BKB para engrossar as fileiras de sua organização, por outro um Hall da Fama do UFC quer promover o BKB e chegou a anunciar que lutaria no tal circuito. Trata-se de Ken Shamrock, cujo oponente seria o mesmo James Quinn, em luta programada para abril do ano passado e depois adiada para setembro.
Os partidários do BKB se apoiam no fato de que as lutas sem luvas são mais seguras do que as lutas com luvas, (sejam de Boxe ou MMA) e que estas causariam menos danos ao cérebro, o que já foi comprovado cientificamente. Tais pessoas também apostam que o Bare Kuncle Boxing vai se tornar mais popular que o UFC e o MMA em geral nos próximos anos. Se eles estarão certos, no entanto, só o tempo irá nos dizer.
Enquanto o futuro não chega com a resposta para esta indagação, cabe-nos aqui, uma pergunta: será se nos dias atuais, os adeptos da nobre arte - como também é conhecido o Boxe - devem mesmo jogar fora as luvas e o manual das regras de Queensberry?
Por Oriosvaldo Costa.